Eles estão em todo o lado! Qualquer pessoa habituada a fazer compras e que leia rótulos, encontra-os com facilidade: os E’s. Mas… o que são na verdade estes E’s nos rótulos dos produtos? 

Há dias deparei-me com este vídeo de uma Ted Talk, que decorreu no Porto, em Maio deste ano. 

Aqui, David Marçal, bioquímico, fala sobre vários conceitos químicos relacionados com natural e artificial, entre eles, os aditivos alimentares. A dada altura diz isto (algures no minuto 5:45 se quiserem avançar) :

A química tem má fama.Por exemplo, se nós descobrirmos que o nosso refrigerante preferido tem o aditivo alimentar E300, ficamos apreensivos. Se soubermos que o E300 é ácido ascórbico, ficamos em pânico. No entanto, ficamos completamente descansados, se formos a uma loja de produtos naturais e comprarmos um suplemento com vitamina C. No entanto E300, ácido ascórbico e vitamina C é exactamente a mesma coisa, são designações diferentes para a mesma substância química.

Isto deixou-me a pensar. Um produto alimentar ter vitamina C, não é mau. Se esse mesmo produto tiver ácido ascórbico, também não passa a ser mau. E se tiver E300, contínua a não ser mau. Então, se há aditivos que são vitaminas (vários), porque se designam por E’s e não vitaminas?

Os números E são uma forma de código de referência para aditivos alimentares, para a União Europeia. O esquema de numeração segue o Sistema Internacional de Numeração (International Numbering System, também conhecido pelo acrónimo INS). Só alguns dos aditivos INS se encontram aprovados para uso na União Europeia, e por isso o prefixo E. Estes códigos descrevem uma substância química, como vitaminas, no exemplo acima referido. Por exemplo, se uma cenoura tivesse rótulo, poderia aparecer descrito que possui E300 (vitamina C) e E160d (licopeno) – claro que uma cenoura nunca terá um rótulo com esta informação, porque uma cenoura não tem aditivos alimentares, que é isso que os números E tentam representar. 

Como descodificar E’s no rótulo dos produtos?

Existem CENTENAS de aditivos alimentares, alguns de origem natural, outros sintéticos. Diria que é quase impossível saber todos de cor. Mas felizmente que estão organizados por categorias, para ser mais fácil perceber o seu papel naquele produto alimentar.

E100 – E199 Corantes

E não fiquem já de pé atrás com a palavra “corantes”. Muitos destes corantes são naturais e até de alimentos conhecidos pelos seus benefícios. Sabiam que um iogurte de aroma de banana poderá ter E100? E que este E100 é curcumina? Sim, a substância química da curcuma, do caril ao golden-milk. Contudo, se realmente querem consumir curcumina, optem por comprar curcuma e adicionar aos vossos cozinhado, evitam grande parte do açúcar extra que vem no iogurte de aroma a banana. 

Muitos dos corantes adicionados aos produtos alimentares, são de origem natural. Contudo, a sua quantidade não é relevante a nível nutricional e têm como único objectivo melhorar as cores daquele produto. 

E200 – E299 Conservantes

Acho que esta palavra provavelmente dá mais arrepios que os corantes. Há conservantes naturais e conservantes sintéticos (artificiais). Alguns são adicionados à comida, para evitar a proliferação de bactérias e torna-las mais seguras para o nosso consumo. Como o E250 (nitrito de sódio), bastante utilizado na conservação de carne e peixe e seus produtos, previne crescimento de Clostridium botulinum, a bactéria que causa o botulismo.

E300 – E399 Anti-oxidantes e reguladores de acidez

Estes são provavelmente os mais famosos nos rótulos de produtos que muitos de nós encaramos. Lá está ele, o E300, ou ácido arcórbico, ou vitamina C, a evitar que aqueles purés de frutas para bebés oxidem. Como nos corantes e conservantes, há anti-oxidantes e reguladores de acidez naturais e sintéticos.

E400 – E499 Espessantes, estabilizadores gelificantes e emulsionantes

Aqui encontramos as gomas e as algas, que ajudam a espessar as nossas comidas. Entre o E400 e o E429, estas substâncias são naturais. Do E430 para a frente são sintéticas, com a excepção do E440 (pectina).

E500 – E599 Reguladores de pH e antiaglomerantes

Aqui estão alguns dos minerais que suplementam produtos alimentares, como ferro, magnésio, sódio, etc (sob a forma de substâncias químicas).

E600 – E699 Intensificadores de sabor

(não é aqui que se “escondem” os açúcares)

E900 – E999 Vários

É nesta categoria, entre o E950 e o E969, que se encontram todos os adoçantes e edulcorantes.

E1100 – E1599 Químicos adicionais

Aqui reunem-se todos os produtos químicos recentes, que não se encaixam no sistema de classificação existente.

Como saber ao certo o que é um determinado E?

Grande parte deste post foi baseado num site que possui a identificação de todos os aditivos alimentares, origem e se são apropriados a todos os tipos de dieta (grupos religiosos, vegetarianos e veganos). Encontram toda a informação em www.food-info.net e no Wikipédia

 

Em suma…

…um E, contínua a ser um aditivo num alimento processado. O ideal será sempre que a maioria da nossa alimentação se baseie em alimentos sem rótulos: frutas, vegetais, legumes, leguminosas, cereais, frutos secos.

Alguns Es servem para que os nossos alimentos sejam mais seguros, outros servem apenas para melhorar aspecto e sabor. Todos os E’s são testados e aprovados pela European Food Safety Authority.  Cabe ao consumidor fazer as suas escolhas, de forma informada e consciente.

*foto tirada daqui: https://geneticliteracyproject.org/2017/09/11/10-food-additives-show-chemicals-food-useful-not-dangerous/