Antes demais, tenho de agradecer a todos os seguidores do blog, que me contactam nas mais diversas redes sociais, aqui pelo blog, e mesmo por e-mail. É através da troca de ideias e de perceber onde sentem mais dúvidas e desconforto, que procuro informação e escrever sobre os mais diversos assuntos de alimentação. Este post sobre o glúten é caso disso. É apenas a minha opinião, baseada em tudo o que sei, li e aprendi.

Há uns dias atrás, quando publiquei a receita de brownies saudáveis, alguém comentou na página de Facebook, que associar o subtítulo de “sem glúten” à palavra saudável, poderia levar a equívocos. E não posso deixar de concordar. Nesta receita especificamente, não coloquei a designação saudável, por não conter glúten. Expliquei depois em comentário, que considero uma receita saudável, quando utiliza pouco açúcar e fontes de açúcar integrais (nomeadamente fruta), quando é  baixa em gorduras, e sobretudo sem gorduras hidrgenadas e fornece uma boa quantidade de fibras e outros nutrientes. Ter ou não ter glúten, para mim, não é um factor para classificar uma receita de saudável. Faria estes brownies com farinha de trigo integral e consideraria saudável de igual forma.

O que é o glúten?

O glúten resulta de uma mistura de proteínas que se encontram em certos cereais, sendo os mais populares o trigo, o centeio e a cevada. É um composto natural destes cereais, ou seja, nasce com eles e fica com eles, não é adicionado ou alterado. 

Quando deve ser introduzido na alimentação?

Até 2017 a recomendação era que o glúten fosse introduzido até aos 7 meses de idade do bebé. No entanto, após as orientações do ESPGHAN de Janeiro de 2017, a recomendação passou a ser que: o glúten deve ser introduzido na alimentação de um bebé até aos 12 meses.

Para que serve?

Sendo um composto de mistura de proteínas, no fundo serve para nos nutrir, tal como outros nutrientes. 🙂 

Não, para que serve mesmo na cozinha?

Ora, o glúten faz pequenas maravilhas na padaria e pastelaria. É o glúten que faz com as massas de pão fiquem elásticas e macias. É o glúten que ajuda a reter as bolhas de fermentação, para que as massas fiquem bem fofas.  

Porque se fala que o glúten é mau ou faz mal?

Quando olho para o glúten isoladamente, não vejo malefício algum nele. Vejo-o no grão de cereal integral, rico em fibras e minerais, como o ferro, e em hidratos de carbono complexos. 

Mas quando este grão é despido da sua casca (farelo) e do seu gérmen, para se obter uma farinha fina e branca, para mim, o caso muda de figura. Em vez de um grão complexo, passamos a ter apenas calorias vazias, sem fibras e sem vitaminas e sem minerais como o ferro. 

E quando olhamos para alimentação do nosso dia-a-dia, começamos a ver estas farinhas refinadas, em todo tipo de alimentos que nos rodeia: farinhas para bolos, bolachas de pacote, papas industrializadas, bolos e queques empacotados, bolos de pastelaria. Para mim, está ao nível do açúcar branco. Não tenho nada contra os açúcares, mas é sempre preferível procurar fontes integrais de açúcar, que nos forneçam fibras e outros nutrientes pelo caminho. 

Uma dieta sem glúten é mais saudável?

Em caso de hipersensibilidade, ou seja, intolerância ou doença celíaca, sem dúvida! Pessoas com hipersensibilidade ao glúten, têm problemas sérios de saúde pelo consumo deste composto. Devem por isso procurar ajuda especializada, para a redefinição da sua dieta. Neste caso, o benefício de uma dieta sem glúten é muito maior.

No caso de uma pessoa saudável, sem qualquer hipersensibilidade ao glúten, na minha opinião pode fazer uma dieta saudável com glúten, como também o pode fazer sem. Caso optem por fazer uma dieta sem glúten, devem procurar fontes de fibras alternativas, pois as fibras são fundamentais para a regulação do nosso metabolismo e bom funcionamento do organismo. Curiosamente os cereais com glúten, são também os mais ricos em fibras. Por exemplo, o trigo fornece 4 vezes mais fibras, que a mesma quantidade em gramas de brócolos! E a cevada 6 vezes mais!* Claro que falamos nestes cereais, sempre nas suas formas mais integrais possíveis.

Perigos numa dieta sem glúten

No que toca a um bebé, uma dieta sem glúten nas idades acima mencionadas, pode conduzir a “diabetes mellitus tipo 1, de doença celíaca e de alergia ao trigo”.

No caso dos adultos, tem se verificado que a eliminação de alimentos com glúten das suas dietas, conduzem a um consumo mais baixo de fibras e pode conduzir à ingestão insuficiente de alguns minerais. Também a ideia por vezes generalizada de que “sem glúten” é mais saudável, leva ao consumo em excesso de produtos processados “sem glúten”, ricos em açúcares refinados e gorduras, e baixos em nutrientes. 

Em suma

Na minha opinião, o ideal é comer de tudo. Uma alimentação rica, variada, com um consumo apropriado de calorias e fibras, para a idade e actividade física. Uma alimentação que promova a saúde da pessoa. Acima de tudo, uma alimentação de escolhas informadas e fundamentadas, e acompanhada por profissionais de saúde competentes. 

* estes dados foram consultados no google, colocando “fibras trigo” ou “fibras brócolos”, que utiliza diversas bases de dados para os seus resultados.