Acho que só usei a palavra “saudável” para descrever uma receita no blog, os brownies. Genuinamente acho que são saudáveis. Usam ingredientes integrais e não refinados, pouca gordura e pouco açúcar. Para mim, é uma receita saudável. Para muita gente, não será. Mas há muito tempo que tenho vindo a ter dificuldade em usar este termo e em classificar o que cozinho de comida saudável. 

Quando comecei o blog, não tinha a pretensão de ser um blog de comida saudável. Queria apenas partilhar a minha aprendizagem e evolução. Se pelo caminho pudesse ajudar umas quantas famílias, melhor. O meu esforço sempre foi de dar aos meus filhos a melhor alimentação que me fosse possível, sem rótulos, caseira, baseada em produtos naturais e não industrializados. Durante este tempo, fui-me associando à ideia de que seguia uma directriz “saudável”. 

A palavra “saudável”, e todas as suas variações, é cada vez mais usada, associada a várias ideias de alimentação e estilo de vida. Quando a vejo, muitas das vezes não me identifico (na grande maioria). E isto não é uma crítica, mas uma reflexão. Como posso eu usar a palavra saudável, se a leio noutros locais e não me identifico? Que legitimidade tenho eu de a usar, para rotular o que faço ou o que escrevo? Acho que nenhuma, pois muita gente me lerá e pensará “isto não é saudável”.

A verdade é que os contornos, do que é ou não é saudável, têm vindo a mudar ao longo do tempo. Cada vez surgem mais teorias, ideias, dietas e restrições. O que descrevemos como saudável hoje, amanhã já não será perante 32.569 estudos diferentes.

Por isso, coloco-me nesta posição. Se o Na Cadeira da Papa não é um blog de comida saudável, é o quê? É um blog de alimentação consciente. Um blog que deseja partilhar ideias e receitas, que ajudem a facilitar o dia-a-dia de muitas famílias. Sobretudo, que seja um “amigo” (ou amiga) nas dúvidas e angústias que é educar bebés, crianças, futuros adultos mais conscientes com o seu bem estar, o dos outros e o do mundo.