Baby-led weaning não é um método
Erradamente as pessoas referem-se ao baby-led weaning como um método de introdução da alimentação complementar. Na minha opinião, isto leva a uma percepção errada do que consiste e qual o seu objectivo. Vamos por partes para perceber porque o baby-led weaning não é um método.
Um método implica que haja uma ordem de procedimentos, para se chegar a um fim, que exista um regra na sequência de operações para atingir um determinado resultado. Uma abordagem é uma aproximação, uma perspectiva ou forma de encarar um problema ou situação.
A grande premissa do baby-led weaning (BLW) é alimentar bebés de forma respeitosa, para o bebé e família, baseando-se na partilha de hábitos alimentares e culturais da família em que o bebé vive. Penso que esta descrição é bastante clara e sumária do que o BLW pretende atingir. O seu principal objectivo é preparar o bebé para que coma o que a família come.
Carlos González fala diversas vezes sobre esta forma de alimentar bebés. Apesar de não se referir com o termo BLW, as suas descrições são similares ao que Gill Rapley e Tracey Murkett escreveram nos seus livros. González costuma dizer algo como, se vivemos em Lisboa e queremos ir para o Porto, se rumarmos para sul, estamos a ir pelo caminho mais longo. O mesmo se passa com a comida de bebé. Se a família faz um determinado tipo de alimentação, com determinados sabores, não faz sentido fazer comida com ingredientes e sabores, que não são os habituais na família. O exemplo, que mais gosto de usar, é o facto de se usar fruta na sopa. Dizem que a sopa fica mais docinha e o bebé come melhor. Mas é isso que queremos? Que ele coma melhor naquele dia? Ou queremos que ele conheça a sopa com os sabores habituais em sua casa? Ou fazem sopa com fruta no dia-a-dia para a restante família também? Se fazem, então faz sentido.
Com isto chegamos à inevitável questão: se a família come a comida inteira, o bebé também terá de comer? Eventualmente, consoante o seu desenvolvimento físico e psicomotor. Mas não é isto que pretendemos afinal? Que o bebé coma o que a família come, mais tarde ou mais cedo? Que caminho queremos tomar? Vamos para norte, para chegarmos lá mais rápido? Ou para sul, por onde vamos encontrar mais dificuldade em conseguir chegar ao nosso destino?
Por vezes sinto que quando se fala em BLW as pessoas só vêem palitos de legumes à frente, quando já percebemos que não tem de ser só assim. Os palitos de legumes são secundários no que toca ao BLW. Para mim, o BLW fez-me ver que o bebé sabe mais do que esperamos dele, sabe alimentar-se, sabe regular o seu apetite, sabe fazer escolhas e aprende a uma velocidade alucinante! Se o permitirmos e apoiarmos.
Também percebo que não seja a abordagem possível para todas as famílias. E sobre isso, espero escrever brevemente.
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