Sim, o título é sensacionalista. Mas agora que já tenho a vossa atenção, vamos falar de alergia alimentar? Claro que podem oferecer comida a uma criança… mas antes, por favor perguntem ao cuidador da criança se esta tem alergia alimentar ou restrição alimentar!

Hoje em dia, é raro não conhecermos uma criança com uma alergia alimentar (ou mais). É um problema crescente e que deve ser educado à comunidade, para salvaguardar a saúde e bem estar das nossas crianças. Ao contrário dos adultos, as crianças, sobretudo as mais pequenas, não sabem informar se têm alergias alimentares. Por isso a importância de se informar, antes de oferecer o quer que seja a uma criança, que não conhece (ou conhece mal). E levando ao extremo do espectro, há crianças com alergias tão severas, que podem desenvolver uma reacção, pelo simples facto de lhe tocar, depois de ter mexido no alimento alergénio. 

O tema é tão importante, que a ASAE dedicou a sua mais recente edição (Junho 2017) aos Alergénios Alimentares. Para quem não tem noção, as alergias alimentares afectam 4 a 8% das crianças*! É um número considerável e a probabilidade de encontrar uma na rua é grande.

E por isso deixo aqui o alerta. Sobretudo nesta altura do ano, que com os piqueniques, praias e passeios, andamos sempre com comida atrás. É fundamental, de extrema importância mesmo, consultar o cuidador, para saber se podemos oferecer comida à criança, tanto por possível alergia alimentar, como convicções da família – vegetarianos, veganos, paleos, gluten free, etc, podemos não concordar, mas temos que respeitar. Devem sempre revelar os ingredientes contidos no alimento e não escondam nenhum! Uma pequena quantidade de um alimento alergénio pode despontar reacções graves nas crianças, que podem mesmo conduzir à morte. Não é alarmismo, ou excesso de zelo, é a verdade! Se não têm total certeza do que o alimento contém, e a criança a quem querem oferecer tem uma alergia alimentar, o melhor mesmo é não oferecer.

As reacções podem ser:

  • Pele e mucosas – manchas ou pápulas vermelhas na pele com comichão (urticária), inchaço; comichão na boca;
  • Digestivo: náuseas, vómitos, diarreia, cólica abdominal;
  • Respiratório: espirros, comichão nos olhos ou lacrimejo, tosse, chiadeira no peito, dificuldade em respirar.**

Na publicação da ASAE, fala-se inclusive de famílias que se restringem a eventos sociais, nomeadamente férias, para salvaguardarem-se de possíveis alergias alimentares.

A alergia alimentar tem um impacto considerável nas férias e viagens, sendo frequente as famílias restringirem o núme-ro de férias ou mesmo reportarem nunca ter viajado. Concordantemente, num estudo de Worth e colegas, os adolescentes com alergia alimentar referem a dificuldade em viajar e participar em passeios com os amigos como uma das principais limitações que advém da sua doença.***

Por isso, vamos informar-nos, tomar consciência, ser responsável e tornar estas férias, onde quer que estejamos, um lugar mais seguro para as pessoas que sofrem de alergia alimentar, sobretudo as crianças!

alergia alimentar

*Riscos e Alimentos: Alergénios Alimentares, ASAE, Junho 2017, p. 2.

**Alergia Alimentar: CUF – https://www.saudecuf.pt/mais-saude/doencas-a-z/alergia-alimentar

***Riscos e Alimentos: Alergénios Alimentares, ASAE, Junho 2017, p. 5.