As crianças são seres de hábitos. Assim que se instala uma rotina ou ritual, com o qual elas se sentem confortáveis e seguras, dificilmente quererão mudar.  Se sempre foi assim, porquê mudar? O mesmo acontece com a alimentação, sendo um verdadeiro desafio mudar hábitos alimentares nas crianças. 

Eu passei por esta experiência cá em casa. A Luísa, a minha filha mais velha, estava habituada a comer papa de pacote todos os dias ao pequeno-almoço. Para além de ser um alimento frequentemente açucarado, acho desinteressante a nível de sabores e texturas. A papa de pacote tem sempre a mesma consistência e sabor, foi desenhada para ser assim. Quando me apercebi que não havia grande benefício em continuar com este hábito, resolvi que tinha de mudar. Para além de querer que ela deixasse de comer estas papas, queria acima de tudo que variasse os seus pequenos-almoços, com diferentes fontes de cereais, frutas, consistências, texturas e sabores diferentes. 

Passaram-se 5 anos, de persistência e paciência, mas hoje em dia a Luísa é uma criança totalmente consciente do que deve comer. É ela que escolhe e prepara o seu pequeno-almoço e nunca há dois iguais na mesma semana. Ela desafia-me a preparar outras coisa e diferentes, para que as suas refeições sejam mais e mais variadas.

Food chains ou cadeias de comida

Um conceito com o qual me cruzei enquanto melhorava os pequenos-almoços da Luísa, foram as food chains da nutricionista Jennifer Anderson, da página Kids Eat in Colors. Basicamente são todos os passos ou variações que fazemos a um grupo de alimentos, ou alimento específico, de forma a mudar um hábito. 

A Jennifer usa na sua página de Instagram o exemplo de passar de um snack de bolachas para fruta. Basicamente vamos mudando uma característica de cada vez: o aspecto, mantendo o sabor, ou o sabor mantendo um aspecto semelhante.

hábitos alimentares

Eu fiz o mesmo exercício com a Luísa na melhoria dos seus pequenos-almoços, variando gradualmente os seus cereais, até chegar a soluções mais interessantes nutricionalmente.

O meu objectivo principal era mesmo a variação de pequenos-almoços. Mas esta mudança de hábito contribuiu também para um consumo mais moderado de açúcar adicionado, privilegiando alimentos em que controlamos a adição de açúcar ou sem qualquer adição.

Como mudar hábitos alimentares no meu filho?

  1. assumir que é um processo e que não se faz da noite para o dia. Não se conseguem mudanças sustentáveis com radicalismo. A mudança deve ser gradual e com vários passos/etapas (aqueles que forem precisos).
  2. fazer a transição gradualmente, com uma “cadeia de comida” (food chain), usando um número necessário de alimentos intermédios.
  3. ser o exemplo, comendo os alimentos que desejamos que os nossos filhos comam e partilhando do nosso prato.
  4. oferecer os alimentos novos ou para os quais queremos alterar em pequenas quantidades, a par do antigo alimento, ou alimentos que eles gostem muito. 

Neste episódio referi:

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