Há dias coloquei na minha conta de Instagram imagens dos meus filhos a cozinhar. Perguntei na mesma publicação, quais as dificuldades que as pessoas sentiam ao cozinhar com crianças. A resposta mais dada foi: não cozinham porque sujam-se e sujam tudo; seguido de magoam-se, caindo, cortando-se e queimando-se.

Cozinhar com crianças é perigoso?

Começando pelo fim. Cozinha com uma criança, não implica ter que a empoleirar numa cadeira, para que chegue aos balcões. Podemos colocar uma pequena mesa à sua altura, para que se movimente livremente no chão, sem riscos desnecessários. 

Em segundo lugar, cozinhar não implica o uso de facas e o risco de cortes. As crianças podem lavar alimentos, partir com as mãos, misturar, amassar, etc, tarefas que não necessitam de lâminas. Deixamos essas para as crianças mais velhas e com melhor destreza manual.

Por fim, o que seriam das saladas, se só cozinhássemos com fogão e forno? Há imensas actividades em que os miúdos podem participar, que não implica o uso de fontes de calor. Consoante crescem e vão sendo mais cuidadosos, podemos introduzi-los ao fogão e forno, sempre tendo em conta as suas aptidões e força. Por exemplo, uma criança não consegue tirar um tabuleiro de 12 queques do forno sem se queimar ou deixar cair, mas se calhar um tabuleiro com 4 ou 6 queques, já é possível.

E a sujidade?

Em relação à sujidade percebi duas coisas. Primeiro, se criamos as condições certas para as crianças cozinharem, o nível de sujidade desce drasticamente. Isto é semelhante ao que fazemos com a autonomia na alimentação. Assim como percebemos facilmente que um bebé de 6 meses não conseguirá comer um prato de sopa de forma autónoma, sem tomar um banho de sopa, também temos que perceber o que as aptidões e destreza dos mais novos permite fazer na cozinha. 

Ou seja, dificilmente uma criança de 18 meses conseguirá medir uma chávena de farinha, sem transformar a nossa cozinha na Serra da Estrela, do quão branca que ficará. Mas se aos 18 meses permitirmos que meçam uma chávena de feijão, dali a uns meses uma chávena de arroz, depois de cuscuz… é muito provável que aos 2 ou 3 anos, consiga medir uma chávena de farinha, sem grande sujidade. 

A segunda coisa que percebi com a questão da sujidade, quando cozinhamos com crianças, é que há graus de tolerância, em relação à sujidade. O que quero dizer com isto? Pegando num exemplo banal do desfralde, sinto que as pessoas no geral têm maior tolerância para uma criança que faz xixi nas calças e no chão, durante o desfralde, porque consideramos que faz parte da aprendizagem e desenvolvimento da criança; contudo, não existe essa compreensão, quando uma criança suja a comer ou a cozinhar, como fazendo parte da educação alimentar desta.

Achei que iria conseguir chegar a alguma conclusão com a minha reflexão, mas não cheguei. Por isso, peço a vossa ajuda para tentar decifrar este enigma:

porque são alguns tipos de sujidade nas crianças mais toleráveis que outros?

Deixem-me as vossas opiniões em comentário, por mensagem, ou e-mail. Estou curiosa por saber tudo!

Neste episódio referi:

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