rawlasagna11

Numa escola como a das miúdas, em que é opcional levar o lanche de casa, a grande questão que me colocam é: e quando elas começarem a reparar no lanche dos outros? Não quero de forma alguma julgar o lanche das outras crianças em relação aos das minhas miúdas. As escolhas alimentares de cada criança é da competência das suas famílias, que enviam dedicadamente a melhor opção possível para os lanches. Mas temos que aceitar, que tanto os outros pais enviam alimentos que eu pessoalmente não escolheria, como eu envio coisas que os outros pais podem não concordar (sinceramente, quem manda tomate para o lanche dos miúdos?)

A L. já começou a reparar que os lanches são diferentes dos das outras crianças. Diz-me sempre que os dela são os mais bonitos e deliciosos e pouco comenta os dos outros. Até hoje ainda só me fez dois reparos nos lanches dos colegas.

Um dia chegou a casa a pedir palitos de cenoura crus para o lanche do dia seguinte. Disse que uma amiguinha levava e ela também queria. Achei uma ótima ideia e como é que nunca me tinha lembrado dessa opção antes? Dias depois, enquanto folheava uma revista, deparou-se com uma página publicitária aos petit-suisse. Ficou parada a olhar e disse que aquilo era bom, que já tinha provado de uma outra amiguinha ao lanche. Fiquei incrédula! Já sabia que não a podia “proteger” para sempre, nunca imaginei que fosse tão cedo. Tentei desenvolver mais a conversa, perceber o que realmente ela sentia em relação aos lanches dela e dar-lhe a possibilidade de escolher e responsabiliza-la mais pelas opções que leva. Ela disse que preferia os lanches dela tal como estão, desde que continuasse a mandar pauzinhos de cenoura de vez em quando. 

E é neste ponto, neste dia, que vejo os resultados de todo este meu trabalho: a minha filha aos 4 anos faz escolhas alimentares, de acordo com as nossas convicções. Nada a impedirá de experimentar outros alimentos, que eu optei por não oferecer em tão tenra idade, mas tenho a certeza e a confiança, que de alguma forma (e não sei bem como, nem porquê), ela percebe o que deve reter como bom hábito alimentar, daquele que deve ser pontual e esporádico.