Ainda estou em modo “regresso de férias” , que é como quem diz, colocar as tarefas em dia. A tralha das férias já está limpa e arrumada, roupas alinhadas e deixei este pobre cantinho para o fim. Havia comentários para responder e e-mails para tratar. Hoje, só hoje, com a quantidade de e-mails que tinha para responder, me apercebi o quão pouco consigo ajudar, quem tanto precisa. 

Recebo e-mails de vários tipos, desde dúvidas sobre receitas do blog, a pedidos de ajuda de mães e pais com dificuldades em alimentar os seus bebés. Estes últimos são os que me custam mais a responder e os que me deixam mais frustada. Não que eu não os queira receber. Mas são estes, que me fazem perceber a falta de apoio que existe nesta etapa tão importante na vida de uma mãe (e pai) e de um bebé: a alimentação complementar.

Já fui uma dessas mães e foi por aí que a ideia do Na Cadeira da Papa surgiu. Senti que existia uma lacuna grande entre o pediatra, ou médico de família, e a cozinha cá de casa. não havia nada na internet (na altura). Eles diziam o que deveria ser feito, mas faltava o como e todas aquelas nuances, que percebemos na hora de alimentar o nosso bebé. E se ele chora, quando tento dar a sopa? E se ele vomita? E se ele cospe? E se ele não abre a boca? O que faço? Faltava-me apoio e alguém com experiência prática com quem falar.

Costumo receber diariamente e-mails deste tipo, que vou respondendo individualmente. Mas hoje, com o acumular de duas semanas, percebi que é uma quantidade enorme de pessoas a precisar de ajuda, e que eu tão pouco posso fazer deste lado do ecrã. 

Há umas semanas recebi um e-mail deste tipo, mas diferente. Uma mãe que me procurou e queria saber se eu tinha um serviço de consultoria, para apoiar a sua família no início da alimentação complementar do seu bebé. Fiquei surpresa, nunca tinha feito nada do género, mas acedi. Encontramo-nos por cerca de uma hora e falámos de tudo o que havia para falar. No meio dos e-mails das férias, lá estava um e-mail desta mãe, com algumas dúvidas, mas com palavras de agradecimento e de relatos tão bons de ler, em como estava tudo a correr bem com a introdução da alimentação complementar do seu bebé.

Será que só precisamos disto? Uma ou duas horas, a falar com alguém mais experiente, a estruturar a introdução da alimentação na vida de um bebé e da sua família? Quanta frustração pouparíamos a algumas famílias com a hora da refeição? Ou quanta incerteza e insegurança anularíamos na vida de tantas mães e tantos pais?

Eu gostava de conseguir chegar a todo o lado. De dar a mão, de ser aquela amiga que vai ajudar durante todo o processo. Mas é-me muito difícil e resumo-me a responder aos e-mails. Faço o meu melhor, tento expressar palavras de conforto, de esperança e de informação. Muitas vezes sinto que não chega e é aí que a impotência se abate em mim. Gostava de poder ajudar mais, mas não sei como. 

Hoje fico-me por este desabafo. Mas nunca hesitem em enviar-me um e-mail sempre que sintam necessidade, eu cá estarei a ajudar a melhor forma que me for possível.