baby-boy fez 4 meses no dia 3 de Maio. 4 meses já… choque! Muitos bebés da idade dele já deixaram a exclusividade do leite (materno ou adaptado) e iniciaram-se neste mundo maravilhoso das cores, sabores e texturas da comida. Mas a grande pergunta impera: quando começar a alimentação complementar?

Para uma mãe pode ser verdadeiramente arrebatador ouvir de todo o lado que fulano começou a dar sopinhas com idade xis, ou sicrana as papinhas com idade y. Que o bebé já precisa, que o bebé tem interesse em comer, que é melhor começar já para se habituar, que o bebé já dá ao queixo para comer, que o bebé já olha… enfim.

É de opinião unânime que os bebés deverão começar a alimentação nunca antes dos 4 meses, nem muito depois dos 6 meses. Existe uma série de estudos, factos e evidências que conduzem a esta recomendação pela OMS e sociedades de pediatria em todo o mundo. Mas sejamos francos. Um bebé de 4 meses é bem diferente de um bebé de 6 meses. Um bebé de 6 meses faz coisas que um bebé de 4 não faz. Terá isso impacto na altura que se escolhe para iniciar a alimentação complementar?

Essa foi outra questão que me surgiu há já algum tempo. Porque somos nós que escolhemos quando o bebé deve deixar a exclusividade do leite? Não somos nós que escolhemos as outras etapas do bebé, quando se sentam, quando começam a gatinhar, quando começam a andar, quando deixam as fraldas. Os bebés começam a fazer estas coisas todas, simplesmente porque ficam preparados para tal, e não porque nós decidimos que é o dia de eles começarem a fazer. Porque é diferente com a alimentação? Não deveríamos respeitar mais o ritmo do bebé neste tema, tal como respeitamos em outros?

E isto leva-me a pensar ainda mais. Quando um bebé começa a andar, não o faz de um dia para o outro. Há semanas e às vezes meses de tentativas, quedas e repetição. Porque com a alimentação queremos que num dia eles bebam apenas leite e no seguinte façam uma refeição completa? Não deveria ser dado ao bebé a possibilidade de experimentar, explorar e descobrir a comida, como descobre tantas outras coisas na sua vida?

Tudo isto culminou com o meu encontro no sábado com Gill Rapley e a Tracey Murkett, quando a Gill se virou para mim, perguntou que idade tinha o baby-boy e perguntou se se naquele momento eu enfiasse uma colher de sopa na boca dele o que aconteceria. Olhando para ele, com muita atenção, respondi, que se lhe enfiasse uma colher de sopa na boca dele, ele iria engolir e comer, pois não tem forma de se manifestar contra. Que grande clique que se fez na minha cabeça! A Gill acenou com a cabeça. Concordou comigo e explicou-me que é por isso que a maioria das introduções da alimentação complementar funcionam tão bem aos 4 meses. Os bebés não têm controlo na cabeça, para a virar e esquivar-se da colher, nem nos braços, para empurrar a colher. Não têm forma de mostrar “que não, que ainda não chegou o momento”. E depois, quando começam a ser capazes de o fazer, começam os problemas lá em casa. Verdade? Nem sempre, mas verdade para muitas pessoas. 🙂

E este é um dos pilares em que o baby-led weaning assenta. Muito antes do formato em que os legumes são cortados, ou como são preparados e apresentados ao bebé. Saber olhar para o bebé, interpretar os seus sinais e deixar que seja ele a guiar este processo, tal como guia tantos outros, sempre com o nosso auxílio e orientação.

O sentar direito, controlar a cabeça, pescoço, braços e mãos, são algumas das formas que o bebé tem para dizer que está capaz de começar esta nova etapa da vida dele. Que o seu organismo está pronto para deixar a exclusividade do leite. E tal como todas as outras etapas, só temos que criar as condições certas, para que os bebés continuem a evoluir e a aprender de forma natural e saudável. 

quando começar a alimentação complementar

Sei que existem vários factores que nos levam a ter que iniciar a alimentação complementar. Mas isso vamos deixar para outro post 😉

 

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